Uma comida bem mineirinha, com origem bem carioca e nome baiano: essa é a culinária brasileira! hahahaha
Nós, mineiros, estamos muito habituados a fazer essa receita com um molho de carne moída por cima do angu, mas a receita original e tradicional é bem diferente e tem uma história muito legal! Vamos aos ingredientes e receita e no final contaremos um pouco de história. 😉
Ingredientes:
Utilizamos miúdos de porco, mas pode ser usado de boi se preferir.
01 coração;
02 bifes grandes de fígado;
01 rim;
fubá para fazer um angu mais molinho;
01 cebola picadinha;
08 dentes de alho picadinhos;
Cheiro verde a gosto;
Folhas de louro, pimenta do reino, cominho, sal a gosto;
01 tomate sem semente picadinho;
01 pacote de molho de tomate.
Primeiramente cozinhamos os miúdos inteiros numa panela com sal e louro até eles ficarem macios. Trocamos a água uma vez durante esse cozimento que durou por volta de 20 minutos em fervura no total. Em seguida cortamos os miúdos em pedaços bem pequenos.
Refogamos a cebola e o alho, acrescentamos cheiro verde, tomate, sal, cominho e então colocamos os miúdos. Deixamos dar uma refogada e então acrescentamos o molho de tomate e um pouco de água para então fechar a panela de pressão. Deixamos na pressão por 10 minutos enquanto fazíamos o angu.
Para quem não tem as manhas do angu, na internet você acha mil dicas para fazer o angu perfeito. Só jogar no google! 😉 Nós fizemos ele bem molinho e arroz branco para acompanhar, mas nem precisava. hehehe
Depois de 10 minutos, molho pronto! Acrescentamos mais um pouco de cheiro verde e jogamos o molho por cima do Angu. Quem preferir, pode misturar. Ficou lindo e muuuuuito saboroso! 😀
Pesquisamos sobre o angu à baiana e encontramos informações bem interessantes!
Ele foi inventado em meados do século 19, e tinha um público cativo na periferia do Rio de Janeiro, nos morros principalmente, quando os soldados negros voltaram da Guerra do Paraguai e ganharam alforria.
O angu à baiana talvez seja o prato regional que marcou o início das favelas.
Como o dinheiro ou era curto ou nem existia, as donas-de-casa criaram esse prato feito com massa de milho e água acrescido de um condimentado caldo de miúdos. Curioso dessa história é, que, na culinária baiana propriamente dita, não existe referência sobre o consumo desses ingredientes juntos.
Como eram negras as mulheres que faziam essa comida e como elas iam pra ruas vender os quitutes pra conseguir dinheiro, já que o marido ou estava desempregado ou ainda lutava ou voltava da guerra, elas começaram a ser chamadas de baianas, porque se vestiam daquela forma que nós conhecemos como roupa de baiana: saia cheia e rodada, toda de branco e com turbante na cabeça. E o artista plástico Jean-Baptiste Debret começou a pintar quadros e a desenhar essas negras vendedoras de angu na praia (veja figura ao lado). Daí surgiu o termo “angu da baiana”.
Meio século depois, veio o Ari Barroso e cantou isso tudo, popularizando a baiana e o angu na principal mídia da época, que era a Rádio Nacional.
Posteriormente, o angu à baiana se tornou comida do fim das noitadas cariocas!
“ANGU DO GOMES: Prato popular e típico da paisagem carioca, geralmente vendido nas ruas, em carrinhos próprios. É uma papa de farinha de milho, servida com carne ensopada com miúdos.”
Bom e barato, por mais de duas décadas as carrocinhas representaram um democrático espaço de convivência: ricos e pobres, universitários, prostitutas, apontadores do “bicho” e intelectuais, as mais diversas camadas da sociedade reuniam-se para compartilhar um prato que representava um símbolo de resistência do Rio Antigo.
Além de assistir à bohemia, como a opção das madrugadas cariocas, servia de inspiração para movimentos musicais. Conta a história que Sérgio Mendes, Tom Jobim e o produtor musical Armando Pittighani se encontravam com freqüência na Praça XV para comer o angu na famosa carrocinha. Segundo o produtor, foi dessa união entre músicos e angu que nasceu o que veio a ser chamado de samba-jazz.
Basílio, aos 79 anos, relembra histórias curiosas acerca do angu. O Presidente Juscelino Kubitscheck, sempre que vinha ao Rio, encomendava a ele o angu, que era feito em panelas de aço inox.
“Mandei fazer só para servi-lo.” A fama de alimento ideal para um dia duro de trabalho ou uma boa noitada – já que, para Basílio, “o angu dá sustância, aquece, preenche e levanta”, é confirmada pelo milionário Jorginho Guinle, que garantia que o Angu do Gomes era afrodisíaco.
O engenheiro agrônomo Ruy Gripp também afirma que, por seu significado nutritivo e econômico, deixar de comer angu é um triste registro de decadência alimentar no Brasil.
“Enquanto você vai com o fubá, eu já estou voltando com o angu!”
O Restaurante ANGU DO GOMES está de volta no mesmo local que, de mercado negreiro, se transformou em centro de bohemia, palco das primeiras rodas de samba e de capoeira do Rio. A intenção é unir boa comida à boa música, tudo sob a batuta do velho Basílio, presidente de honra da CASCA – Confraria dos Amigos do Samba, Choro e Angu, ajudando a recuperar a memória gastronômica, identitária e cultural de nossa cidade.